Carências

E o final de semana foi corrido.
No sábado teve sessão de fotos lá na sede do sosgatinhos.
Foi a segunda vez que eu e Déia passamos por lá, e dessa vez foi “a trabalho”. Déia foi servir de modelo para as meias, e fomos atualizar as fotos dos bebês pra adoção.
De novo, foi divertidíssimo estar ali perto de tantos miaus. E também é legal ajudar um pouquinho, já que agora eu sei o quanto de trabalho a leila e o zeca têm pra cuidar dos bichanos.
E se você aí gosta de gatos, não compre. Adote um. É bem mais barato, e é muito mais legal. Eu definitivamente agora gosto de gatos. Culpa dela.
E domingo foi dia de festa de Natal em um orfanato ali na Mooca. A Deia já tinha se comprometido em ser madrinha de duas crianças; houve um certo princípio de quiprocó por conta de uma irmã pré-alzheimeriana, mas tudo se resolveu.
Depois de uma apresentação musical em um palco (coisa que eu odiava com todas as forças quando era criança), foi todo mundo para o pátio (gigante, diga-se de passagem).
Ela acabou “amadrinhando” uma outra menina, a Thassi. Geniosa e medrosa do Santa, acabou ficando feliz da vida com a madrinha postiça (já que a moça que havia se comprometido deu o cano). Demorou um pouco, é claro, pra menina ficar à vontade; mas depois foi mais tranquilo.
Não vou ficar aqui desfiando montes de linhas sobre a situação delas, nem sobre a política social, nem nada. Prefiro escrever sobre o que eu vi, e senti. Fiquei ali, observando e olhando para aquele monte de crianças.
O que ficou bem claro pra mim foram outras coisas. A primeira coisa foi perceber o quanto é importante esse dia, no qual elas se apresentam com números exaustivamente ensaiados durante o ano, como mostrando do que são capazes de fazer. Acanhadas, sorridentes, apreensivas, carrancudas.
Ali, na platéia, rostos nem sempre muito conhecidos, mas elas se esforçam, pois sabem que dali a alguns instantes irão receber, além do uniforme e do material escolar, coisa que dinheiro algum compra. Atenção.
Atenção e um pouco de carinho, coisa que provavelmente lhes falta durante o ano, no sentido de ter alguém como um pai ou mãe (ou figura equivalente) presentes.
Uma a uma, foram chamadas ao final da apresentação, e com seus padrinhos ou madrinhas, iam, de mãos dadas, para o pátio. E ali, uma grande algazarra, enquanto desembrulhavam os pacotes. Muitas dali têm pai, mãe, ou ainda parentes com quem moram. Mas obviamente, participam de lares desestruturados. E foi ontem que isso foi diferente, ainda que uma tarde somente. Abraçam, beijam, brincam e passam um tempo com alguém que voluntariamente se dispôs a lhes dar atenção.
E eu ali, vendo tudo (e até participando), vi o quanto essas crianças ficaram felizes, andando de mãos dadas com os seus parentes temporários.
Sim, é triste. Mas ao mesmo tempo, foi uma tarde feliz. Foi uma chance de continuar sendo o bom e velho (e um pouco tolo) otimista que eu sempre fui. Nem sempre tudo vai pro vinagre, e nem sempre todas as pessoas são um lixo. Nem sempre.

Comments (3)

AndreiaDecember 5th, 2005 at 20:08

Eu amo você!!!
A d. Thassi é geniosa 😛

leilaDecember 6th, 2005 at 21:30

a gente se viu poucas vezes e eu já gosto demais de vocês dois.

Eric TanakaDecember 7th, 2005 at 02:00

Muito foda o CUBO! Já tá nas Booquemarques!